Fonoaudiologia

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Fortaleza, Ceará
"A fonoaudiologia é a ciência que tem como objeto de estudo a comunicação humana, no que se refere ao seu desenvolvimento, aperfeiçoamento, distúrbios e diferenças, em relação aos aspectos envolvidos na função auditiva periférica e central, na função vestibular, na função cognitiva, na linguagem oral e escrita, na fala, na fluência, na voz, nas funções orofaciais e na deglutição."

terça-feira, 30 de agosto de 2011

CLUBE DO LIVRO - Neuroanatomia Funcional

No dizer de Dangelo e Fattini (2007) a Anatomia, em seu conceito mais amplo, é a ciência que estuda macro e microscopicamente a constituição e o desenvolvimento dos seres organizados.  
Composto por 25 ossos (contando com os ossículos: martelo, bigorna, estribo), o crânio ósseo é unido por articulação fibrosa, chamados de suturas, tendo exceção a mandíbula que a articulação é sinovial. O Crânio tem função de proteção para o encéfalo, cavidade para os órgãos da sensação especial, da abertura para passagem de ar e alimentos.  O crânio ósseo do é composta por uma lâmina óssea externa, uma camada díploe e lâmina óssea interna. Podemos observar na estrutura craniana, diversos acidentes anatômicos, que segundo Tortora (2007) são definidos como dois tipos, depressão e abertura, que formam articulações ou permitem a passagem de tecidos moles (vasos sanguíneos e os nervos) e processos, projeções ou excrescências, ajudando a formar as articulações ou servindo como ponto de fixação para tecido conjuntos (ligamentos e tendões). O único osso com movimento no crânio é a mandíbula, que tem articulação sinovial. 
Para facilitar o estudo do crânio dividi-se anatomicamente em cinco vistas para que se possa facilitar a identificação de todas as estruturas, sendo repartidas em vista superior, anterior, inferior, posterior e lateral. No estudo do crânio incluímos o osso hióide que é dividido em corpo, corno menor e corno maior.
Zimlin (2000) assemelha o osso hióide à letra grega ipsilon minúsculo (Ω), é inigualável, porque não está diretamente ligado a qualquer outro osso do esqueleto; ao contrário, mantém na posição por um complexo sistema de músculos e ligamentos que fazem dele uma estrutura altamente móvel. 
Tortora (2007) menciona a orelha como um prodígio da engenharia, porque seus receptores sensitivos transluzem vibrações sonoras com amplitudes tão pequenas quanto o diâmetro de um átomo de ouro (0,3nm), em sinais elétricos 1.000 vezes mais rápido do que os fotorreceptores podem responder à luz. 
Além dos receptores para as ondas sonoras, a orelha também contém receptores para o equilíbrio.  Para uma melhor compreensão do sistema auditivo, o mesmo foi dividido em três regiões: Orelha externa, orelha média e orelha interna. A primeira é responsável por captar o som, sendo composta pelo pavilhão auricular, meato acústico externo e membrana timpânica. 
Os menores ossos do corpo humano esta situado na orelha média, os ossículos, compõe-se pelos ossos: martelo, bigorna e estribo. Para a proteção contra sons forte se fixam aos ossículos dois músculos: músculo tensor do tímpano e músculo estapédio, o nervo facial e corda do tímpano. 
A orelha interna é composta pelo vestíbulo, canais semicirculares anterior, lateral, posterior e a cóclea. Esta, que tem formato parecido com de um caracol, e que dá aproximadamente três voltas, é chamado de modíolo. Na cóclea encontramos a janela oval ou janela do vestíbulo, que tem como função a audição. O vestíbulo é o responsável pelo equilíbrio, contem abertura chamada de janela redonda. A orelha interna é inervada pelo VIII par craniano – nervo vestíbulo coclear. 
Moore (2007) cita que os nervos cranianos são feixes de fibras sensitivas e/ou motoras que inervam músculos ou mostram uma associação desses tipos de fibra. Essas fibras são divididas em eferentes (motoras) e aferentes (sensitivas), mais muitos destes nervos são mistos, isto é, contem fibras eferentes e aferentes. Os pares cranianos são no total de 12 pares, e são identificados por algarismo romanos, enumerados pela origem encefálica. Sendo que cada par craniano é responsável pela ação de uma ou mais estruturas. 
Para Moore (2007) o nariz é a parte do trato respiratório situado acima do palato duro e contém o órgão periférico do olfato. Inclui o nariz externo e a cavidade nasal, que é dividida em cavidades direita e esquerda pelo septo nasal. As funções do nariz são olfação, respiração, filtração de ar, umidificação do ar inspirado, e recepção e eliminação de secreções dos seios paranasais e dos ductos lacrimonasais. 
O nariz externo tem o formato de uma pirâmide triangular, da qual sua sustentação óssea é feita pelos ossos nasais e maxilares, a abertura formada por estes ossos é chamada de abertura piriforme. A divisão do nariz externo denomina-se em raiz, dorso nasal, ápice, columelo, narinas, onde encontramos duas aberturas para a cavidade nasal. Na parte cartilaginosa do nariz encontramos a cartilagem lateral do nariz, cartilagem alar maior, e cartilagem alares menores, que forma o ápice do nariz, e a cartilagem do septo nasal, por serem cartilagem hialina maleável faz com que o nariz se torne flexível. 
A comunicação do nariz externo com o interno é feita através das narinas e se estende até a nasofaringe pelas coanas. A cavidade nasal é revestida por mucosa, na parte anterior da cavidade temos o vestíbulo com as vibrissas, é dividida pelo septo nasal ósseo (porção posterior) formado por lâminas perpendicular do etmóide, vômer. 
Nas paredes da cavidade nasal são compostos pelas conchas nasais superior, média e inferior, os espaços entre as conchas chamam-se de meatos (superior, médio e inferior) que tem como função aumentar a área de superfície e impedir a desidratação. Encontramos também o recesso esfenoetmoidal que recebe a abertura do seio esfenoidal, o hiato semilunar, sulco semicircular no qual se abre o seio frontal e a lâmina crivosa do etmóide. 
Os seios paranasais são cavidades cheias de ar e são denominados de acordo com a localização de cada um. São divididos em frontal, etmoidal, esfenoidal e maxilar. No Seio Frontal que está situado no osso frontal sendo sua inervação é feita pelo nervo supra-orbitais. A drenagem é feita pelo ducto frontonasal.
Seio Etmoidal encontra-se pequenas invaginação da mucosa dos meatos médio e superior. Caso ocorra obstrução na drenagem pode causar infecções. O seio esfenoidal esta localizado no osso esfenoidal, devido a essas áreas pneumatizadas torna o corpo do esfenóide frágil. O seio maxilar encontra se situado no corpo da maxila, são os maiores seios paranasais e é inervado pelo nervo alveolar superior. 
A musculatura da face é responsável pelos movimentos da expressão facial, dependendo da origem e inserção do músculo, pode-se obter uma mímica diferente, expressando dor, alegria, tristeza, entre outras, assim como pode ter função de proteção e na ação da deglutição. 
Moore (2007) define como uma articulação temporomandibular como sendo sinovial do topo gínglimo modificada, ou seja, uma articulação na qual a face convexa ajusta-se na face côncava de outro osso. Essa articulação é classificada como uma única articulação bilateral. 
Para um bom desempenho da articulação (ATM) é preciso que todas as estruturas que compõe essa articulação funcionem de forma harmoniosa, caso não ocorra esse trabalho em conjunto pode acarretar disfunções na articulação. 
Zemlin (2000) relata que a boca tem funções biológicas e não-biológica, isto é, consiste no inicio do sistema digestivo, respiratório e faz papel de articulação para produção dos sons da fala. Articulação e mastigação são funções das quais os dentes exercem, estão fixados no processo alveolar. Durante a vida temos dois tipos de dentição, a decídua (dentes de leite) e permanente. Os dentes são classificados como incisivos, caninos, pré-molares e molares, na face adulta a arcada dentaria é composta por 32 dentes.   
Pescoço com suas estruturas superficiais e profundas são estruturas que liga a cabeça ao tronco e onde situa o órgão da fonação e parte do sistema digestivo, é dividido em dois trígonos, anterior e posterior. Nestes trígonos encontramos estruturas responsáveis pelos movimentos do pescoço e da laringe, auxiliando da deglutição e na fonação, 
A faringe tem como participação tanto no sistema respiratório quanto no digestivo, é inervada pelos nervos glossofaríngeo e vago e sua irrigação é feita através da artéria faríngea ascendente e a tireóidea inferior. Ela é dividida em três regiões, a nasofaringe, a orofaringe e a laringofaringe. 
Logo abaixo da faringe encontramos a laringe, que tem como papel no sistema respiratório e na produção vocal com seus elementos, sendo composta pela cartilagem epiglote que tem formato de folha, sua atuação é no fechamento da laringe durante a deglutição para que não ocorra aspiração. A cartilagem tireóidea é a maior cartilagem laríngea está ligada à cricoide pelo ligamento cricotíreoideo, na tireóide encontramos a proeminência laringes ou popularmente conhecida como pomo de adão, uma característica visível no sexo masculino.

MOORE, Keith L. Anatomia orientada para a clínica. Rio de Janeiro: Guanabara Koongan, 2007.

ZEMLIN, W. R. Princípios de anatomia e fisiologia em fonoaudiologia. 4. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.



Leylanne Marques – Monitora de Neuroanatomia Funcional


Professora Orientadora: Heliene Linhares Matos


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15 comentários:

  1. Camilla Galdino de Araújo Lima14 de setembro de 2011 às 15:13

    Todo o texto foi muito bem elaborado e escrito, explicando cada estrutura que faz parte da fala, linguagem, voz, audição, articulação, motricidade, onde todas trabalham em harmonia para um bom funcionamento.
    Cada estrutura tem seu papel, como o ouvido que transforma as vibrações sonoras em sinais elétricos, o nariz que tem as funções de respiração, olfação, filtração do ar, entre outros, a musculatura facial que é responsável pelos movimentos da expressão facial, nossa boca que tem a função no inicio do sistema digestivo, respiratório e articulador para produção dos sons da fala, e no pescoço, onde encontramos a laringe, que tem a função no sistema respiratório e na produção vocal.
    Assim, pode-se perceber o complexo de estruturas, cada uma com sua função, mas que trabalham juntas para o bom funcionamento.

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  2. Mara Fádua Jeronimo Pinho27 de setembro de 2011 às 22:35

    huuum, então lá vai eu me arriscar a comentar. Achei muito boa a literatura citada, e principalmente o tema abordado. Para nós estudante de fonoaudiologia e futuros profissionais é importante que tenhamos intimidade com a anatomia da cabeça e pescoço, saber a funcionalidade de cada estrutura, permite aplicar de forma efetiva a terapia que reabilita o nosso paciente. Acredito que de fato não dá para ser um bom fonoaudiólogo, sem conhecê-la. Cada sistema atua de forma a complementar o outro. Um bom exemplo é o sistema estomatognático, uma alteração na forma, tônus ou mobilidade de algum órgão ocasiona um desequilíbrio na função, porque esse sistema é integrado, do contrario ocorre inabilidade ou perda da função. Outro exemplo é a deglutição ato de engolir alimentos que começa na vida fetal. E é comandada pelo tronco cerebral. Olha só quanta coisa a aprender sobre anatomia!! Nesses dois exemplos bastante complexos.

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  3. O texto está com uma linguagem direta e acessível, buscando os pontos principais a serem inseridos e integrados como base de conhecimento. A naturalidade, seria o "normal", já o termo funcionalidade tem dois aspectos: ser dentro dos órgãos intactos e o de ser funcional diante da ausência, hipotonia ou hipertonia de um órgão, dificultando a mobilidade e flexibilidade. Senti falta do osso hióide e sua musculatura extrínseca e intrínseca, fazendo parte dos sistemas mastigatório, respiratório e fonoarticulatório e interdependente assim como os outras funções. Sabe-se da importância deste osso na lateralidades direita e esquerda, os movimentos mandibulareso, dentre outros. É ele quem dá ancoragem à língua para que ela se posicione mais para posterior e superior, levando o bolo alimentar para a região orofaríngica, além de ser o único osso participante do complexo laríngeo, local de passagem constante de ar, alimento vital ao ser humano.

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  4. Camilla Galdino de Araújo Lima3 de outubro de 2011 às 16:32

    Bem, dando continuidade ao que minhas futuras colegas de profissão mencionaram, também concordo quando a Nazaré comentou sobre a falta de uma explicação mais aprofundada sobre a musculatura extrínseca e intrínseca da língua, para um maior conhecimento sobre todo o trabalho da mastigação, deglutição de todas as estruturas que trabalham em conjunto para esse funcionamento efetivo. E sobre o que a Mara comentou, também acho de grande valia que todo o profissional que trabalha nessa área de Cabeça e Pescoço conheçam, pesquisem e sempre busquem saber mais e bem todas as estruturas de cada parte que compoem todo esse funcionamento para uma melhor diagnóstico e conduta a se trabalhar em cada pacientes.

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  5. Concordo com as palavras da Camilla no que diz respeito a musculatura e funções da língua. Outro ponto importante seria o conhecimento da origem, inserção e função dos nervos cranianos. Um conhecimento, que por muitas vezes foi falado, mas que só agora, no nono semestre temos a prática associada ao conhecimento, frente as patologias associadas a lesão de algum nervo. A depender da lesão e do tempo da mesma, a intervenção fonoaudiológica é direcionada assim como a orientação aos parentes do paciente. O mais importante é não esquecer, que independente da lesão, a estimulação da musculatura e suas funções não podem deixar de ser realizada.

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  6. Vanessa Morais Oliveira18 de outubro de 2011 às 22:20

    O texto apresenta uma abordagem bastante didática, redimensionando de maneira prática e objetiva suas estruturas ósseas, mostrando que a harmonia da funcionalidade fisiológica dessas respectivas estruturas, implicará no perfeito desenvolvimento e funcionamento das habilidade de audição, linguagem voz e motricidade.

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  7. Vanessa Morais Oliveira18 de outubro de 2011 às 22:56

    Devo concordar com vocês no que diz respeito à defasagem de enlucidações sobre musculaturas intrínseca e extrínseca da língua, obviamente tornariam possíveis questionamentos mais claros, porém, olhemos com outro ponto de vista, o texto é pequeno em dimensão e vasto em nível de conhecimento, creio que pela a questão da abrangência não seria possível um maior aprofundamento em determinados pontos. No mais, é de extrema importância a observação feita no que concerne ao conhecimento de profissionais que trabalhem nessa área, em relação a anatomia e funções das demais estruturas.

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  8. Gabryela Sales Assunção21 de outubro de 2011 às 09:05

    O texto está muito bem escrito e a escolha da bibliografia foi criteriosa. A neuroanatomia de cabeça e pescoço foi bem detalhada, evidenciando a complexidade das estruturas, cada uma com sua função, é claro, mas que trabalham interligadas para um bom funcionamento.

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  9. Gabryela Sales Assunção21 de outubro de 2011 às 09:35

    Complementando o texto sobre os músculos da língua: Músculos Extrínsecos - Genioglosso, Estiloglosso, Palatoglosso, Hioglosso. Músculos Intrínsecos - Longitudinal superior, Longitudinal inferior, Transverso, Vertical.

    Todos esses músculos tem inervação no XII par craniano, o Hipoglosso, com excessão do músculo Palatoglosso que tem inervação no IX par craniano, o Glossofaríngeo.

    Concordo com as colegas quando falam da importância do conhecimento da neuroanatomia e da fisiologia para nós da fonoaudiologia porque qualquer alteração na estrutura desequilibrará a função. Também é essencial saber a inervação dos músculos orofaciais para que o mecanismo central (neuromuscular) seja melhor compreendido pelo profissional.

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  10. Bem, adorei tanto o conteúdo apresentando pela monitora quanto a bibliografia em que foi pesquisada o trabalho. Neuroanatomia Funcional é fundamental para a Fonoaudiologia, pois precisamos entender como funciona toda a estrutura corpórea para termos firmeza em detectar possíveis alterações. Também concordo com as meninas sobre a importância para o fonoaudiólogo saber sobre a musculatura da língua, já que trabalhamos com a funcionalidade desta.

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  11. Mara Fádua Jeronimo Pinho3 de novembro de 2011 às 23:45

    Muito bom, todas nos sabemos das ventagens de sabermos sobre a anatomia. Os músculos e suas inervações. O que seria de nos sem esse conhecimento. A disfagia é uma grande forma de atuação e totalmente cientifica, sem receitas prontas com pensamento clinico cientifico. Como não se encantar com esse tipo de reabilitação.

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  12. Gostei muito deste texto por que nos devemos saber da anatomia funcional que esta interligada com a linguagem. È pois uma capacidade funcional estando relacionada e dependente de outros tipos de função que incluem a audição, visão, e atenção e também memoria não esquecendo da parte da função motora, necessária para a produção dos sons,
    que se constituem em palavras, as quais sons agrupadas em frases com determinado sentido ou significado.

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  13. Muito bom o texto.Com certeza para nós é de fundamental importância saber sobre a anatomia funcional de todas essas estruturas que fazem parte da fala, linguagem, voz, audição, articulação, motricidade.
    Fundamental termos esse conhecimento para um bom desempenho no nosso trabalho cotidiano.

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  14. Todas as áreas que foram explicadas, cada uma com seu detalhe, sua função e sua importância, trabalham interligadas para um bom funcionamento.
    Nossas aulas podiam ser mais diretas, e bem "elaboradas" como esse capítulo que está descrito aqui, pois quando fiz anatomia e neurologia não foi visto cada estrutura desse modo, com sua respectiva função e a importância que cada uma tem para o nosso trabalho.

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  15. Com casos demonstrativos da sua experiência em
    Ressonância Magnética Funcional (RMF), os autores pretendem dar resumidamente uma perspectiva anatómica das diferentes áreas eloquentes, de activação nos paradigmas mais frequentemente por eles praticados, no que concerne à motricidade, linguagem, audição, visão e memória.

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