Fonoaudiologia

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Fortaleza, Ceará
"A fonoaudiologia é a ciência que tem como objeto de estudo a comunicação humana, no que se refere ao seu desenvolvimento, aperfeiçoamento, distúrbios e diferenças, em relação aos aspectos envolvidos na função auditiva periférica e central, na função vestibular, na função cognitiva, na linguagem oral e escrita, na fala, na fluência, na voz, nas funções orofaciais e na deglutição."

sábado, 12 de novembro de 2011

CLUBE DO LIVRO - Psicoacústica

A Audiologia é a ciência da avaliação da audição e tem sua base científica na Psicoacústica que, por sua vez, está relacionada aquilo que ouvimos, descrevendo as relações existentes entre nossas sensações auditivas e as propriedades físicas de um estímulo sonoro, como por exemplo: sua frequência, intensidade, forma de onda, velociadade, etc. A psicoacústica lida com os atributos da sensação do indivíduo para freqüência (pitch), para aos mecanismos fisiológicos que servem de base para a detecção ou diferenciação dos intensidade (loudness) e, ainda, em relação a ruídos, sons musicais, vozes humanas. Está relacionada à habilidade dos ouvintes em distinguir diferenças entre os estímulos e não diretamente sons, mas a relatos dos ouvintes sobre tais sons.

Aspectos psicoacústicos da percepção do som

Russo (1993) afirma que o ouvido humano necessita de algumas informações básicas referentes a quatro aspectos da percepção auditiva dos sons em geral, sendo estes aspectos: “pitch” – sensação subjetiva de freqüência; duração – tempo em segundos da vibração sonora; “loudness” – sensação subjetiva de intensidade e timbre – qualidade fornecida pela combinação harmônica do som, decorrente das características da fonte sonora que o produziu.

A sensação de freqüência, denominada como “pitch” é um atributo da impressão auditiva que mostra uma elevação ou diminuição na percepção da escala musical e está sujeita, á altura, tonalidade das ondas sonoras, ou seja, da sensação auditiva em termos de que sons podem ser ordenados, variando de graves a agudos. A duração está relacionada á habilidade em detectarmos diferenças nos estímulos sonoros em função do tempo.

Moore (1989) define “loudness” como uma impressão subjetiva relacionada á intensidade de um som a partir de sua pressão, energia ou amplitude. Em geral, podemos dizer que quanto maior a amplitude de um som mais intensamente o ouvimos, embora não haja linearidade neste processo e variações existam, dependendo da frequência. Quando a pressão sonora é reduzida, a sensação de intensidade também decresce e, abaixo de certo nível de pressão, o som não é mais ouvido. A loudness é definida como sendo o atributo da sensação auditiva em termos de quais sons podem ser ordenados em uma escala que varia de fraco a forte.

A unidade de medida da loudness é o fone, que equivale a sensação em dB produzida para um tom de 1.000 Hz, a partir das curvas de igual audibilidade ou isofônicas.

Faixa de audição humana
De acordo com Davis (1970) na natureza pode ser encontrada uma infinita série de variedades na qualidade e, ainda é possível descobrir neles uma base fundamental e relativamente simples para sua classificação e descrição. O timbre está diretamente relacionado á nossa habilidade de analisar frequências e depende das várias combinações de frequências e intensidades no modelo físico da estimulação acústica.

Teoricamente existem ondas sonoras de qualquer frequência, entretanto, o ouvido humano não é igualmente sensível para todas estas, e sim somente aos sons cuja faixa de freqüências situa-se entre 20 e 20.000 Hz, denominada de faixa audível. Ondas sonoras situadas abaixo de 20 Hz são chamadas de infra-som e acima de 20.000 Hz de ultra-som. De acordo com Okuno, Caldas e Chow (1982) a faixa de freqüências audíveis difere para alguns animais, como: gatos= 10kHz a 60 kHz; Golfinhos= 10kHz a 240 kHz; morcegos= 10 kHz a 120kHz.

Determinação do nível de audição
O nível de audição, foi determinado para um grupo de indivíduos otologicamente normais, com idade variando entre 18 e 25 anos, inicialmente para tons puros apresentados em campo livre e, posteriormente, com uso de fones, no Laboratório Nacional de Física, na Inglaterra.

A área da fala concentra energia na faixa de frequências entre 400 e 4.000 Hz, embora inclua frenquencias mais baixas e mais altas iniciando, portanto, em torno de 100 Hz e indo até aproximadamente 8.000 Hz, com intensidades variando de 40 a 65 dB NA.

O audiômetro de tons puros foi projetado como um instrumento eletrônico calibrado de tal forma que a leitura zero para cada frequência correspondesse a um nível de audição médio para jovens adultos normais. Os valores de nível de pressão sonora eram, pois, diferentes para cada frequência e a audiometria tonal mediria, por sua vez, o número de dB em que o limiar do indivíduo se situasse com relação a cada valor médio. O resultado era anotado em um gráfico que horizontalizou os limiares de audibilidade – o audiograma. No audiograma, as frequências variam de 125 a 8.000 Hz em intensidade que vão desde -10dB a 120dB Na.

De acordo com Santos & Russo (1993), se levarmos em consideração a variação individual encontraremos o nível de sensação, ou seja, o zero audiométrico de cada indivíduo; é um valor subjetivo e depende do nível de audição individual. Se, por exemplo, imaginarmos três indivíduos com níveis de audição médios de 20, 40 e 60 dB expostos a um som de 100 dB NA, seus respectivos níveis de sensação serão 80, 60 e 40 dB NS, ou seja, é a diferença entre o seu nível de audição e o estímulo sonoro apresentado.


Campo dinâmico da audição.
No gráfico acima, podemos observar que a curva inferior representa os limiares auditivos nas diferentes frequências do ouvido humano saudável. Para cada freqüência o limiar auditivo é diferente. A curva superior representa o limiar de desconforto (120dB) e acima deste surge o limiar de dor (140dB).






LOPES, Otacílio F. Tratado de Fonoaudiologia. São Paulo: Roca, 1997.


Raphaele Cristina A. de Vasconcelos – Monitoria de Acústica.


Professora Orientadora: Fca. Magnólia Diógenes Bezerra de Holanda.

10 comentários:

  1. Camilla Galdino de Araújo Lima13 de novembro de 2011 às 11:24

    A psicoacústica é um tema bastante interessante, devido ser um assunto, pelo menos pra mim, bem complexo. Abrangem aspectos da audição humana que não acho tão fácil de entender, como a realidade física do som, em relação á percepção que temos dele, já que o fenômeno físico se difere do que nosso cérebro percebe de fato. Pesquisei sobre esse assunto, onde encontrei que a psicoacústica “é a ciência que estuda a percepção auditiva humana, em relação ao fenômeno acústico”. Entendo que nossos ouvidos são verdadeiros transdutores, que transformam vibrações sonoras em impulsos nervosos levados á nosso cérebro, que por sua vez, decodifica as informações. Ouvimos com mais intensidade determinadas regiões do que outras, devido ao funcionamento fisiológico da nossa audição, e ao tamanho físico das ondas que incidem em nossos ouvidos.

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  2. Camilla Galdino de Araújo Lima13 de novembro de 2011 às 11:27

    Acho que qualquer ambiente onde o som seja produzido com a finalidade de ser ouvido por alguém, deve considerar o processo de como esse som chega a essa pessoa. Fico impressionada como a anatomia humana é perfeita, aonde os sons vem junto com vários outros, como os ruídos e sons interferentes, são também amplificados, e mesmo assim conseguimos “separar e selecionar" apenas o som que desejamos escutar. Acho que esse tema deveria ser mais discutido em sala de aula, pois acho que como eu, muitas outras pessoas tem suas dúvidas e gostaria de se aprofundar e trocar mais informações e conhecimentos sobre esse assunto, que foi muito bem explicado aqui.

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  3. A Psicoacústica é um tema muito interessante, pois envolve a fisiologia do som e como ele chega aos nossos ouvidos. Mas, não devemos esquecer, que por ser fisiológico, a subjetividade está inserida, pois cada um pode interpretar o som de uma forma diferente, como por exemplo a loudness, que para um pode estar baixo e para outro pode estar alto, isso irá depender se o indivíduo tem alguma perda auditiva ou não, como também o próprio estilo de vida. Cabe aqui dizer também que não cabe a psicoacústica investigar como os sons produzem um determinado estado emocional ou resposta cognitiva, isto é tarefa para a psicologia, a não ser a medição das respostas auditivas do ser humano em um meio ambiente determinado sob certas condições, sendo o motivo principal da psicoacúsica ser considerada um braço da psicologia. Sabemos da riqueza e características do som como o pitch, loudness, timbre e as características de cada item desse até a chegada ao cérebro, mas não devemos esquecer de outras coisas como a nossa capacidade de diferenciar dois sons ao mesmo tempo, sendo semelhantes ou não, é claro, partindo também da vivência desses sons, podendo assim chegar a dizer que a nossa memória auditiva está inserida na nossa rota lexical.

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  4. Continuando sobre a “rota lexical do ouvido” outra coisa interessante é que podemos trabalhar a psicoacústica a nosso favor, pois já que os nossos ouvidos “não dormem” e assim selecionamos o som que nos interessa, isso gera a confirmação da relação ouvido-cérebro-interpretação. Será que todos nós sabemos diferenciar todos os sons ambientais, instrumentais e da fala? Por exemplo os sons de todos os animais, será que sabemos diferenciar o som de um galo pra um cachorro? Acredito que sim. Mas será que sabemos diferenciar o som do galo e de uma galinha? Comparações a parte, sabemos que sem a vivência dos mesmos, isso provavelmente não acontecerá. Daí partimos de uma pergunta: Como um espectador interpreta o que está ouvindo? Como sabemos que o que está à nossa frente é real? Acredito que por exemplo, a união da visão com a audição pode nos ajudar a compreender isso. Já que esses sentidos humanos podem trabalham em conjunto para a interpretação, porque não usá-los? Um outro exemplo seria se uma dia sua mãe chegasse em casa e não falar nada e vc tiver de olhos fechados, você irá saber que é ela? Acredito que sim, pois ainda teremos o ouvido, o tato e o olfato para nos ajudar a interpretar o som.
    Concluo assim que mesmo que esses sentidos possam trabalhar independentemente (podemos, por exemplo, reconhecer alguém apenas vendo uma foto, ou ouvindo sua voz ao telefone) um sentido pode sim interagir com o outro.

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  5. Mara Fádua Jeronimo Pinho14 de novembro de 2011 às 16:44

    psicoacustica é o estudo fisiológico do som: como nosso sistema auditivo decodifica amplitude, tom, timbre, localização espacial e distinção de sons simultâneos, sem adentrar no efeito psicológico do mesmo. O ouvido é muito sensível em transmitir uma resposta frente a um estimulo sonoro, por isso esses paramentros estão bastantes ligados, ou seja, eles não são totalmente independentes. Quando se muda a intensidade consequentemente mudam a percepção da altura e do timbre e a percepção do som varia.

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  6. Mara Fádua Jeronimo Pinho14 de novembro de 2011 às 17:05

    Eu sou apaixonada pela psicoacústica, por fenômenos físicos relacionados ao som. Como por exemplo porque o som se propaga mais rápido em sólidos que em líquidos, devido a posição das moléculas pois para que ele seja transmitido necessita delas para causar a vibração. VOLTANDO AS CARACTERÍSTICAS: O Efeito Doppler é uma característica observada nas ondas quando emitidas por um objeto que está em movimento com relação ao observador. O comprimento de onda observado é maior ou menor conforme sua fonte se afaste ou se aproxime do observador. Se o comprimento de onda variar, a sua frequência varia tambémNo caso de aproximação, a frequência aparente da onda recebida pelo observador fica maior que a frequência emitida. Ao contrário, no caso de afastamento, a frequência aparente diminui. não é fantástico!! Esse comentário eu dedico a Magnólia Diógenes, uma também apaixonada pela ACÚSTICA. ;)

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  7. A psicoacústica estuda a percepção subjetiva das qualidades (características) do som: intensidade, tom e timbre. Estas qualidades ou características do som estão, por sua vez, determinadas pelos próprios parâmetros do som, principalmente, freqüência e amplitude.
    Os parâmetros psicoacústicos mais relevantes são:
    Sonoridade: percepção subjetiva da intensidade (amplitude) sonora.
    Altura: está ligada à percepção do tom (na realidade, com a freqüência fundamental do sinal sonoro). Como se percebe o grave o agudo que é som?
    Timbre: é a capacidade que nos permite diferenciar os sons. O timbre está caracterizado pela forma da onda, por assim dizer, por seu componente harmônico.

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  8. Devido à sensibilidade (eficiência da resposta na freqüência) do ouvido humano, estes termos no contexto da psicoacústica não são totalmente independentes. Os três se influem mutuamente. Modificando um parâmetro, mudam os outros e a percepção do som varia. Por exemplo, se se modifica a intensidade de um som (sua sonoridade) isto acaba afetando na percepção da altura e do timbre, etc.

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